Dia das Crianças na Vila Cachoeirinha – “Sou Quem Sou Porque Somos Todos Nós”
O colunista Omar Dimbarre escreve sobre a celebração do Dia das Crianças na Vila Cachoeirinha, promovida pela Creche Irmã Sheila.
Havia um quê de magia que resplandecia da alegria da garotada que euforicamente brincava no campinho da Vila Cachoeirinha, naquela tarde do dia 11 de outubro.
O ambiente todo estava impregnado de uma energia muito boa, soprada pela vibração efusiva das crianças que ali estavam. O calor de tantos olhares radiantes transfigurava-se em um abraço afetuoso na alma de quem pôde estar presente naquele momento. E, tal qual uma canção de ninar, brotava daquelas vozes todas, misturadas com seus risos e sorrisos, uma melodia repleta de paz, que aconchegava e afagava o coração.
A celebração do Dia das Crianças na Vila Cachoeirinha, promovida pela Creche Irmã Sheila, foi um evento marcante na história de quem pôde estar junto, no sábado, véspera do dia dedicado aos pequenos. E eu tive a imensa felicidade de participar.
Que bonito ver a alegria estampada nos rostos de tantas crianças, fazendo o que mais gostam: brincar, pular, rir, gargalhar, jogar bola, pintar o cabelo, pintar o rosto, sentir-se valorizadas e sentir-se amadas.
Uma criança feliz, que se sente estimada e percebe que outras pessoas se importam com seu bem-estar, vai adquirir autoestima e autoconfiança. Um ambiente em que a alegria esteja presente promove a empatia, a generosidade e a honestidade.
Proporcionar momentos de puro contentamento para os pequenos é um investimento que a sociedade e a família fazem. Quem cresce sob olhares afetuosos, zelosos e protetores poderá vislumbrar um futuro melhor, tornando-se uma pessoa mais produtiva, equilibrada e desfrutando melhor as coisas boas que a vida oferece.
"Sou Quem Sou Porque Somos Todos Nós”
Enraizada na cultura de vida de comunidades africanas Bantu, principalmente na África do Sul, que falam os idiomas Zulu e Xhosa, a filosofia Ubuntu é um conceito e uma ética de vida que pode ser resumida em uma frase: "Umuntu ngumuntu ngabantu", que pode ser traduzida para "Sou quem sou porque somos todos nós" ou "Uma pessoa se torna humana por meio de outras pessoas."
Dessa filosofia de vida nasceu uma lenda contada pelos povos africanos, que narra a história de um antropólogo que, ao visitar uma tribo, propôs uma brincadeira às crianças: colocou uma cesta cheia de frutas embaixo de uma árvore, e a primeira que chegasse ao local poderia ficar com tudo. Quando o sinal foi dado, as crianças se deram as mãos, e assim correram, chegando todas juntas ao prêmio. Intrigado, o homem perguntou: "Por que vocês foram juntas se apenas uma poderia ganhar todas as frutas?"
Ao que uma das crianças prontamente respondeu: "Ubuntu! Como um de nós poderia estar feliz enquanto os outros estivessem tristes?"
Foi lindo ver a solidariedade de pessoas que estenderam seus braços e, de alguma forma, colaboraram: através de doações ou na execução do evento, demonstrando que vivem a filosofia Ubuntu. Elas entendem que a felicidade só é completa quando é compartilhada e que é possível fazer a diferença, seguindo adiante caminhando juntos, assim como as crianças da lenda que correram de mãos dadas até a cesta cheia de frutas.
E, para celebrar esta festa tão especial para a garotada, bolos, picolés e outras guloseimas, foram entregues para todos os que se fizeram presentes.
A Bateria da Escola de Samba Acadêmicos do Grande Vale marcou presença com uma apresentação empolgante, contagiando toda a comunidade que vive na Vila Cachoeirinha
Para fechar o evento, Gibis da Turma da Mônica foram distribuídos, semeando o interesse pela leitura nas crianças que estavam presentes.
Mas, a maior leitura que se pode fazer deste dia incrível é a da solidariedade, que reforça o ensinamento da filosofia Ubuntu: a história escrita por mãos unidas terá sempre um final mais feliz do que aquela escrita solitariamente.

Omar Dimbarre é produtor cultural, colecionador de cartazes originais de cinema, minerais e fragmentos de meteoritos. É apaixonado por artes — especialmente música e cinema —, fascinado pela natureza e por histórias populares, desenvolvendo projetos que visam recuperá-las.
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